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Ele sabia tudo de como amarrar sapatos, e colecionar coisas que nunca iria precisar. Mas não sabia nada sobre como pintar paredes ou administrar amores, era notável seu erro, sua falta de tato. E mesmo quando acertava, era porque um erro tinha dado certo. A verdade sobre ele nunca ninguém saberá, Porque assim como eu que escrevo, e você que me lê sabemos que seremos esquecidos numa prateleira, e quando chegar o peso da quinta geração sobre nós não restara mais a palavra nós. Não como a conhecemos.
Ele nunca se intimidou com o futuro. Por isso o capricho nos laços de seus sapatos. O maior bem que alguém pode fazer para os outros é cuidar bem de seus próprios sapatos. Um dia ele vai crescer e se tornar alguém chato, quem sabe sua chatice encontrará outra para assim implicarem um com o outro. O querer pode ser isso, esse estranhamento mutuo. E quando morrer já disse que não quer choro nem vela, só por causa da musica e de ser teimoso. No fundo ainda há vontade de amor no seu coração de gesso e açúcar. Compacto pó. Há de chorar suas pitangas e no fim sussurrar inaudível. E olhar com um olho sem brilho, assim como peixes numa banca de feira, num ponto que pareça muito mais distante do que realmente é. As medidas já não cabem mais ao seu julgamento, só assim será possível voar pra longe de toda essa confusão.
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